A cidade de João Pessoa foi palco, na tarde de ontem, da 2ª Caminhada do Silêncio da Paraíba, um evento que relembrou os mortos e desaparecidos durante a Ditadura Militar (1964-1985). O ato marcou os 61 anos do golpe militar e foi organizado pelo Memorial da Democracia da Paraíba e pelo Comitê Paraibano Memória, Verdade e Justiça (CPMVJ).
O percurso teve início na sede da Ordem dos Advogados do Brasil — Seccional Paraíba (OAB-PB) e seguiu até o Parque Solon de Lucena, passando por locais históricos do Centro da capital, como a Faculdade de Direito e a Praça Barão do Rio Branco, pontos simbólicos da resistência contra o regime. A caminhada contou com a presença de sindicalistas, movimentos sociais, representantes políticos e familiares de vítimas da ditadura, que reforçaram a luta pela punição dos crimes cometidos e o fim da anistia para envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.
O movimento ocorre em um momento de debate nacional sobre a democracia, impulsionado pela decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de tornar réu o ex-presidente Jair Bolsonaro e pela possível revisão da Lei da Anistia. Entre os manifestantes, destacou-se a presença do professor aposentado Paulo Araújo, irmão do marinheiro José Maria Araújo, morto em 1970. Paulo Araújo reforçou a importância de manter viva a memória dos que lutaram pela democracia.
Uma pauta local também ganhou destaque: o rebatismo de logradouros que homenageiam figuras da ditadura, uma iniciativa defendida pela professora aposentada Lúcia Guerra. A proposta, apresentada pela Comissão Municipal da Verdade em 2014, voltou à discussão este ano, após recomendação do Ministério Público da Paraíba (MPPB).
O SINDJUF/PB também participou ativamente da caminhada, representado por seu Coordenador Gildazio Azevedo, reafirmando seu compromisso com a luta pela verdade e pela justiça histórica. A presença do sindicato reforça o apoio às pautas democráticas e aos direitos dos trabalhadores do Judiciário.