A atual gestão do Sindjuf/PB tem como propósito o incentivo à reflexão e combate à discriminação racial e ao racismo. Como também pretende ser um espaço de divulgação, apoio e incentivo à trajetória de servidores e servidoras negras do Poder Judiciário Federal da Paraíba.
Nossa primeira ação é resultado de entrevistas realizadas com servidoras e servidores do Judiciário em alusão ao dia 21de março, Dia Internacional de Luta contra a Discriminação Racial. Em sua entrevista Ângela Cristina Azevedo de Melo, 54 anos, nos contou que é servidora do TRT há 31 anos, já foi Coordenadora Geral do Sindjuf/PB e é suplente na atual gestão do sindicato. Sua trajetória no TRT iniciou-se em 1994 quando assumiu o cargo de Auxiliar Operacional de Serviços Diversos. Em seu relato Ângela pontuou a dificuldade que enfrentou para sair do setor onde trabalhava e assumir um cargo que tornasse possível seu crescimento profissional. Assim como Valéria Ferreira da Rocha, ela registrou que um dos momentos mais relevantes de sua trajetória profissional foi ter assumido uma função de Chefia na gestão, do Desembargador Thiago Andrade, gestão em que houve um grande incentivo à promoção da igualdade racial.
“No TRT13, em 2023 houve a implementação de cotas para pessoas negras em cargo de liderança, em 2024 houve a implantação do Programa “Aquilombar é preciso” com o objetivo de promover a inclusão racial, foi oferecido o curso de Formação de Lideranças para Pessoas Negras do TRT13ª Região, pelo Instituto de Identidades do Brasil, ID-BR, o MBA em Gestão de Pessoas, Inovação e Liderança, destinado a servidores (as) autodeclarados negros (as), e o curso de Letramento Étnico-Racial com Benilda Brito. Capacitação das quais tive a oportunidade de participar e foram muito engrandecedoras para o meu crescimento pessoal e profissional. Relatou Ângela Melo.
Múcio Marques da Silva, servidor do TRE, relatou que já enfrentou dificuldades relacionadas à sua identidade racial, o preconceito e a discriminação no judiciário já foram mais latentes e que hoje percebe mudanças, atualmente a sociedade já vivencia o processo de inclusão, finalizou ele. Questionada sobre o que gostaria de ver no futuro para garantir maior equidade racial no serviço público e no sistema de justiça, Ângela respondeu que gostaria de ver aprovado o Projeto de Lei 1.958/2021 que reserva para pretos, pardos, indígenas e quilombolas 30% das vagas disponíveis em concursos públicos e processos seletivos simplificados de órgãos públicos.
“Gostaria de ver mais pessoas negras ocupando cargos de liderança e de tomada de decisão, requisitos que são fundamentais para ampliação da justiça social.”
O Decreto nº 11.443, de 21 de março de 2023, estabelece que, até 31 de dezembro de 2025, pelo menos 30% dos cargos em comissão e funções de confiança na administração pública federal direta, autárquica e fundacional sejam ocupados por pessoas negras (pretas e pardas). Uma determinação que se posta em prática no serviço público, em conjunto com capacitações assegurarão uma guinada em direção a tão almejada equidade racial.